novembro 21, 2012

Frio, chuva e rio Douro.

Voltei.
Há uma semana fui afinar num dos sítios mais bonitos onde até hoje fui. O local era num monte com vista para o rio Douro e apesar de ser um dia cinzento e com chuva miudinha, facilmente era visível a beleza daquele lugar. Ainda hei-de lá voltar em passeio-aventura, aquelas encostas são um saudoso convite para ir buscar as botas de subir montanha.


Quando eu digo que cada piano é uma caixa de surpresas, às vezes até eu fico pasmado com a grande verdade que isto é. O piano era um Young Chang de cor branca, como não há muitos. E talvez por não afinar num sítio frio e húmido q.b. há tanto tempo, não tenha somado os típicos dois mais dois: como a madeira absorve a humidade que está no meio envolvente, claro que as cravelhas estavam alí de pedra e cal. E se estavam.
Disse mal da minha vida porque afinar naquelas condições é super difícil: controlar movimentos hiper subtis, quando os ângulos mínimos de rotação da cravelha são tão grandes devido à força que fazemos para as mover, é literalmente impossível. Fazer um trabalho minucioso e que valha a pena está completamente fora de alcance. Ainda tentei soltar um pouco as cravelhas da primeira sequência de quintas (todos os Lás e todos os Mis) mas o resultado não estava a aparecer e por uma questão de prevenção (e depois de partir a cabeça de um dos meus martelos de afinação, que é feito em ferro) resolvi falar com o cliente e remarcar a afinação para quando o clima estivesse mais apropriado e depois de ele instalar um desumidificador na divisão onde se encontra o piano.
Saí de lá com a mente reavivada de como são os Invernos nas terras afastadas do mar.
Portanto, voltar lá daqui a uns meses e ver como está o piano será, novamente, uma caixa de surpresas.

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