fevereiro 12, 2011

Prova Real

Estou a acompanhar um piano que é a prova provada de que se um piano deixa de ser afinado durante muito tempo, quando se volta a pegar nele a afinação simplesmente não se mantém fixa.
Sempre que me pedem para afinar um piano pela primeira vez, a pergunta que mais me custa a fazer é mesmo aquela onde questiono sobre há quanto tempo o piano não é afinado. Naqueles dois segundos em que o interlocutor elabora uma resposta mais ou menos completa, o meu coração e mente viajam; atravessam mundos e fundos com o nervosismo associado à  possibilidade de ouvir a desmoralizante (e muito usual) resposta do "...há já alguns anos, não sei com certeza..." .
Às vezes pode até não significar nadíssima, porque uma vez afinei um piano que merecia uma verdadeira condecoração pelo primeiro prémio na categoria Estabilidade (já escrevi sobre esse piano, mas não consigo encontrar aqui no blog).
Voltando ao piano do post; a primeira afinação foi aquilo que eu costumo chamar de partir pedra. Mais do que afinar, é preparar o piano para as próximas afinações porque a primeira afinação nem se deveria chamar como tal. Depois de três ou quatro semanas de intervalo, voltei e constatei que a diferença global não era muita, mas era existente. Um pormenor importante em ambas afinações é que sempre que ia para uma cravelha nova, tinha de usar as minhas duas mãos para conseguir movê-las pela primeira vez.
Este piano não é como os outros, é ainda mais individual que a natural unicidade de cada piano. Não me vou alongar mais em escrever porque ainda não completei o ciclo deste piano;ou dito de uma forma honesta, ainda não o conheço.

1 comentário:

Júnia R. disse...

Olá, lendo sobre suas histórias como Afinador de Pianos em Portugal, senti vontade de compartilhar com você um pouco da história do meu pai que também é afinador de pianos aqui no Brasil, no município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
Parabéns pelo bonito trabalho.
Esse é um vídeo que fiz do meu pai:
"O Afinador de Pianos" - http://youtu.be/Y8sdh7MxJPE
Abraços, Júnia