outubro 15, 2009

Palácio de Cristal

Uma vez fui afinar um piano à biblioteca do palácio. Já não me lembro muito bem mas acho que era de 1/4 de cauda.
O Pianista escolhido era um jovem rapaz, adolescente prodígio, de nome R.C., que, pelo que ouvi na altura, tinha ficado sempre no Top3 em todos os concursos em que participara.
Mas não estou aqui hoje para falar dele, mas sim de uma professora de piano do Conservatório que também tinha ido ver o mini-concerto dado por ele.
Estranhei a presença dela, tal como ela estrahou a minha.Cumprimentámo-nos, e depois das usuais interrogações sobre o motivo de cada um estar alí presente, disse-lhe temerosamente que estava ali porque era O Afinador.
Ela ficou bastante contente, talvez por conhecer o meu percurso no conservatorio, deu-me os parabéns e no fim do concerto, antes de ir embora, pediu-me o meu contacto para combinarmos uma afinação ao piano dela!!
Fiquei bastante impressionado com isso; todos sabemos que professores de piano têm normalmente o mesmo afinador durante décadas, e só trocam quando o afinador porta-se mal.
Nunca pensei que aquela afinação iria ter tantas consequências, por isso é que na mais pura inocência, e depois de afinar o piano, perguntei à professora o que tinha achado da afinação. Parvoíce a minha; a verdade é que, intencionalmente ou não, estava a ser avaliado nas minhas competências como afinador e ter perguntado aquilo,soou algo tipo "diga-me, acha-me digno de afinar para si?".
Fui afinar como se fosse, e foi, mais um piano que me tinham pedido para orientar e por isso digo-vos aqui que não quis ser de modo algum pretencioso nem intrometido.
Posto isto, a professora gostou bastante do trabalho e aproveitou para me perguntar se não estaria interessado em participar num masterclass para explicar, aos alunos da escola de musica onde dá aulas, como é o dia-a-dia de um afinador de pianos. Obviamente que aceiteí.
Combinámos em falar mais tarde, despedimo-nos e corri para o metro, a sorrir para todos os que iam passando por mim.

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