outubro 13, 2009

Famalicão III

O plano era fazer afinações de terça a domingo com uma folga na sexta.
Mas os planos mudaram e acabei por afinar também naquela sexta feira. Já tive oportunidade de afinar para alguns (poucos) colunáveis portugueses e neste saiu-me na rifa o  Sr. Compositor.
Ele ia estar no café-concerto do festival a tocar e a conversar sobre aquilo que melhor sabe fazer e não só; reafinei então o piano vertical que se chamava Preto e Prata pelas razões óbvias.
Mas mais uma vez o tempo era pouco e o trabalho era muito porque a N. S. tinha estado a estudar naquele piano da parte da manhã.
Fiz tudo em 2h30, o que significa que encurtei o tempo útil em cerca de uma hora!!!
Comecei a ouvir vozes na sala mas ignorei porque estava a trabalhar e também porque estava de costas para as cadeiras, até que me virei e lá estava o pianista numa mesa a conversar e fazer tempo até o técnico acabar de fazer o seu trabalho.
O tiago foi ter comigo e disse-me para deixar o piano e eu cheio de vontade obedeci às ordens porque já só pensava no sofá do foyer e no meu saco de Maltesers.
Já não me lembro o que fiz mais nesse dia para além de voltar a afinar e regular o Bosendorfer para o concerto da noite e ter de voltar a afinar outra vez o lá4, o fá3 e mais umas no registo agudo durante o intervalo do concerto.
Com um piano assim, fico sempre com o coração nas mãos durante o concerto; é que o meu ouvido (absoluto) dispara o alarme bem mais cedo que a maioria dos ouvintes e percebe se há diferenças de frequência pequeníssimas entre as cordas que constituem cada nota.
Por isso é que enquanto muitos durmiam nos concertos da noite eu fazia de tudo para não mostrar a minha aflição auditiva.
Enfim.




para o Vitor Madeira

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